sábado, 6 de setembro de 2008

vai um café pra acordar??




Mais uma manhã gris no edifício Borba Gato.
Dentro do apartamento 801, encontra-se Juarez. Acabando de acordar, de ressaca.
Indo ao banheiro, ele se depara com sua cara lastimável no espelho, sente pena de si mesmo. Toma um banho e faz a barba.
Se sentindo um pouco melhor consigo mesmo, ele abre a geladeira à procura de algo pra comer e espantar um pouco essa maldita ressaca. Nada alem de garrafas de whisky ele acha na bendita geladeira.
Indagando-se resolve que precisa de duas coisas: um engov e um café preto e forte.
“-Aqui em baixo há tanto uma padaria quanto uma farmácia, vou aos dois.” Diz a si mesmo, afinal de contas é a única pessoa com quem tem falado nos últimos tempos.
Ao tentar sair, percebe que a porta está trancada e que jogara e lembrasse que jogo a chave fora. “-Puta que pariu, vai ser no pé mesmo.” Dá um chute na porta e chama o elevador.
Enquanto, degusta seu café afim de curar sua ressaca pensa:
“-Estou há tempos trancado em casa, bebendo, e velando por uma pessoa que não está morta. Valeu a pena? Valeu a pena tanta dor e tanto pranto? E pra que? Em que mudou a minha vida? No que mudou a vida dela? Ela está aqui comigo? Ela ao menos veio curar minha feridas? Fazer-me companhia? Tomar um whisky comigo e fingir que é minha amiga? Não! A vida dela segue muito bem, obrigado! Uma coisa é certa, comigo ou ‘sem-migo’ não muda nada. E é tão engraçado perceber que certas coisas nunca mudam, e outras, mudam tanto...”
E assim pensando resolveu ir embora do Borba Gato pra nunca mais voltar.
“-Esse lugar me traz recordações das quais eu não quero mais me lembrar... procurarei novas possibilidades em novos horizontes.”
Assim sendo, partiu e até hoje não se sabe notícias dele.

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