terça-feira, 26 de agosto de 2008

sushimi





Mais um dia na triste e enfadonha vida de Juarez.
Enfim, ele, ao acordar, resolve tomar as rédeas de sua vida e chega a uma conclusão: não mais sofrer por Clara!
Pensa, analisa, investiga, pondera... Ainda não sabe bem o que fazer, mas tem a certeza de que não mais sofrerá, uma vez que durante a noite passada, não fez outra coisa a não ser beber, chorar e pensar nela; e aquilo para ele já tinha chegado nos extertores do admissível!
Inflou o peito, expirou com vagar... Respirou mais uma vez e deixou que o ar se esvaísse de seus pulmões com um certo pesar...
Apesar de saber ser uma decisão drástica, sofrível, amarga, ele não queria choramingar por aquela ingrata... Assim pensou.
Estava a escolher o método a ser tomado... Como esquecer aquela mulher... Ainda lhe era um mistério... Tal qual o mistério da “franco-maçonaria”, tal qual a razão da vida, tal qual se existe mesmo vida após a morte, tal qual a formula da coca-cola... Enquanto pensava... Percebeu-se que já era noite, e que estava deveras cansado, e que ainda nada comera... Foi à cozinha... Abriu a geladeira e pensou no que comer... Pensou em clara... Pensou em matar-se... Pensou na crise do petróleo... Pensou em Ali Babá e nos 12 ladrões... Pensou... Pensou... Resolveu comer uma coisa simples mesmo, algo que não lhe desse muito trabalho... "Um sushimi seria perfeito!" Exultou!
Enquanto refestelava-se, assistia a velhos seriados japoneses e se lembrava dos idos de sua mocidade... Pensou consigo mesmo: "Quando era criança, satisfazia-me com um sorvete, por que eu bebo?".
Intrigado com essa pergunta de cunho altamente filosófico, e sem achar resposta para a mesma resolveu ir dormir, afinal de contas a barra do dia já surgia ao leste...
Ao deitar, pensou satisfeito: "Puxa! por quanto tempo eu não pensei naquela ingrata, acho q estou no caminho certo!". E dormiu o sono dos justos!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

telefone




Hoje Juarez se rendeu aos seus sentimentos, pegou o telefone e ligou pra Clara...
Ele chamava, mas ninguém atendia...
Foi quando ele ouviu o estalo... "bip"
Uma voz que lhe era muito familiar falava do outro lado da linha: "você ligou para Clara, no momento eu não estou, após o bip, deixe seu recado... ps. se for você Juarez, nem precisa deixar recado, me faça esse favor!"
Juarez permaneceu mudo com seu telefone na mão... não sabia o que fazer... Pensou: "Como aquela rapariga pequena teve tamanha audácia?!?!?!"
Esbravejava pelos cantos de seu apartamento, blasfemava, dizia impropérios... Estava possesso, fora de si, indomável... Pensou em vinganças, pequenas vinganças, graaandes vinganças, mas desistiu de todas elas.
Tornou absorto com tudo aquilo à sua cama... Acendeu mais um cigarro e junto com esse, veio o indefectível copo com mais uma dose de "black & white". Enquanto anuviava sua mente de pensamentos tão malévolos, perdeu o olhar na fumaça que subia aos céus... Irresistível não ver a feição de Clara naquela fumaça, e no meio daquele devaneio, pegou o telefone e refez a ligação.
"Tum.... tum... tum..."
"Você ligou para Clara, no momento eu não estou, após o bip, deixe seu recado..."
Juarez aguardou o desaforo pra deixar o seu recado, idem, desaforado... Mas ele não veio... Ouviu o bip, e nada da mensagem indelicada... Sem acreditar, ligou de novo, e mais uma vez nada do acinte...
Pensou estar louco, mas lembrou-se de todo o remorso que teve que superar para poder fazer a ligação e percebeu que talvez por isso tivesse ouvido coisas... Talvez ela realmente tivesse deixado tal recado... Talvez...
Talvez sim, talvez não, jogou o telefone contra a parede, fazendo o mesmo esbagaçar-se....
"Melhor assim, sem telefone", pensou ele.
"Esse telefone me traz muita complicação, acho que ele não tava mesmo muito legal..." Concluiu-se.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Família...




Juarez despertou do sono com o barulho que vinha do subsolo... um rock, uma música, um barulho...
"Brindo à casa, brindo à vida, meus amores, minha família..."
Pensou na sua família: "Onde estariam todos?" e "quem são todos?"
Desde há muito tempo estava sozinho no mundo, a mãe morreu quando ele ainda era criança e o pai na adolescência. Cresceu na biblioteca da casa, entre os clássicos.
"Brindo à casa, brindo à vida, meus amores, minha família..."
Mais uma vez o refrão acerta Juarez como uma estaca... Ele pensa: "Será que ainda existem familiares meus?"
E lembra de ter encontrados alguns nos velórios dos pais. Todos chatos, insuportavelmente esnobes, vinham falar com ele e diziam: "Minhas condolências"... Pensou Juarez: "Condolência é o caralho! Porque vocês não vão embora, não morrem, não me deixam em paz????"
Ai concordou consigo mesmo, estava beeeem melhor sozinho.
Pra que família? O que é família?
Família não serve nem pra tirar foto em final de ano, concluiu.
Sua família era sua coleção de 78rpm, seu Black & White (seu cão engarrafado), e as poucas fotos que sobraram de Clara. Estava assim completa sua vida.
Família? Pra quê? Pra fazer raiva? Pra isso já bastava a raiva que sentia de Clara, essa lhe era suficiente.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

sombra




Depois de uma eternidade pensando em Clara, Juarez decide parar de pensar nela e mudar o rumo de sua vida.
Abre outra garrafa de seu bom e velho scotch, acende um cigarro, vê o anel de fumaça desaparecer no teto do seu quarto. Ato contínuo, pega uma velha agenda telefônica - é verdade, Juarez não tem celular - e começa a procurar por possibilidades... Abre a agenda ao acaso e ela abre na letra L, Juarez vê o nome de uma ex sua: Lúcia...
Lembra-se dela com algum carinho e saudade, lembra que Lúcia foi sua companheira na época em que o mesmo era milionário; linda e loira, Lúcia sempre foi muito disputada nos salões da província... Por onde passava arrancava suspiros, despertava olhares e paixões.
Mas como tudo na vida, nada é perfeito. Lúcia tinha um defeito, se é que era defeito. Amava dinheiro.
Lúcia amou Juarez enquanto esse pôde dar-lhe do bom e do melhor.
Faziam sexo o dia inteiro, nas horas vagas compareciam a eventos sociais onde Lúcia podia exibir todos os mimos com os quais Juarez lhe presenteava.
Mas numa noite clara de verão, Lúcia conheceu alguém mais rico que Juarez, Bruce Wayne, por quem se encantou perdidamente e com que fugiu deixando Juarez na merda.
Ao lembrar desse detalhe sórdido, Juarez resolveu não pensar mais em Lúcia, na verdade, decidiu não pensar mais em ninguém, ninguém que não fosse a sua amada imortal, a única possivel... Clara... "- ah! Clara, por onde estarás?" Pensou em voz alta Juarez.
Juarez tem seu sonho incomodado, algo lhe incomoda... como aquela sensação de q tem alguém te olhando...
Ergue-se da cama e ainda com a visão embaçada de quem dormia, averigua os aredores da cama... Um vulto no canto do quarto, uma sombra. Esfrega os olhos pra poder enxergar, pois até onde se lembra a porta de entrada do seu apartamento está trancada. Abrindo bem os olhos, a sombra começa a tomar definição de gente. Curvas, contornos... Cabelos... Olhos... Boca... Nome... era Clara.
Juarez ensaiou um ataque cardíaco, mas foi apenas uma taquicardia, nada mais.
Como ele não conseguiu iniciar um diálogo, Clara lhe diz que passou ali pra saber dele, como ele estava.
Entre soluços e tosses, Juarez consegue lhe dizer que está bem... Mesmo sabendo que aquilo era uma grande mentira.
Entre um diálogo muito penoso pra Juarez, ele conseguiu conter as lagrimas, afinal, Clara está relembrando o tempo em que estiveram juntos, os momentos felizes e dizendo a ele que o mesmo tinha sido de um tudo na vida dela, quando Juarez soltou a perola: "fui tudo em sua vida, menos o que eu realmente quis, ser seu marido."
Clara se engasgou com o ar... Tentou balbuciar alguma coisa, mas não conseguiu... Bem, finalmente desistiu de falar.
Se entreolharam por uns instantes, olhos nos olhos. Os olhos de Juarez cheios de água, olhos de pidão.
Quando, de súbito, Juarez percebeu ao olhar no oceano não pacífico que eram os olhos de Clara uma lágrima rolar.
Ela se levantou e foi na direção dele, olhou-o de perto, Juarez pôde em fim, sentir seu cheiro, cheiro esse que estava entranhado nele, que ele conhecia bem e que lhe fazia tanta falta.
Se beijaram... Aquele beijo, aquele gosto... A terra parou de girar por instantes. Foi como se nada mais existisse.
Quando Juarez abriu os olhos do beijo, percebeu que estava sozinho no quarto, que tudo não passou de um sonho e que nada daquilo acontecera. Ficou triste, pensou mais meia hora naquilo tentando gravar as imagens na memória e fazendo isso adormeceu tentando sonhar de novo com ela, sua amada imortal...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

conhaque




Mais uma vez Juarez ouve a maledicência que sobe dos antros do Borba...
Mais uma vez Juarez fica indiferente a elas...
Abre um bom e velho conhaque 12 anos...
Sente o bouquet... Acende uma vela... A chama ilumina um porta retratos... Sorve vagarosamente o líquido... Respira fundo e apaga a vela... Sonha... Sonha com sua amada imortal...
O que os moradores do Borba não sabem é que o Borba pertence a Juarez, e o mesmo é herdeiro de ações na bolsa de valores, imóveis, iates e latifúndios.
Menino de berço de ouro, vasta literatura, estudos em Oxford, Cambridge... Sempre teve dificuldade com os amigos, os quais rotulava, de forma sarcástica de "tabacudos", uma vez que discutir algum assunto filosófico com eles era difícil devido ao nível de instrução adquirido por Juarez...
Quando Juarez pensava que o mundo se resumia a noitadas fúteis, mulheres idem, ele conhece a única possível... Aquela que mudou sua direção, seu norte, sua vida para todo sempre.
Clara, violonista, tocava numa das várias recepções e inaugurações às quais Juarez já nem contava, de tantas que foi... Linda, de pele alva, cabelos pretos, olhar profundo, espelho d'alma...
Algo mágico aconteceu a Juarez quando ele cruzou o olhar de Clara.
Viveram juntos pouco tempo, mas tempo suficiente pra mesma ficar marcada a ferro e fogo em seu ser, em seu coração, em sua alma...
Juarez se desfez do seu patrimônio tentando "comprar" o coração de clara, mas uma coisa ele não sabia, talvez nunca soubesse, quiçá saberá... a alma e o coração de certas mulheres não está a venda, não é um free-shop... Você pode reter por instantes, mas eles são absolutamente livres... Pássaros sem pouso... Errantes... Clara era uma dessas, uma ave migratória que voa de galho em galho enquanto efetua sua migração.
De toda fortuna de Juarez, restou o mísero Borba Gato, hoje administrado por D. Sebastiana, pois Juarez há anos não sai do seu apartamento 801.

sábado, 9 de agosto de 2008

retratos insípidos




Envolto em tristeza e solidão Juarez levanta-se e dirige os olhos ao criado-mudo... nele resta alem de um abajour que não funciona, o retrato da amada, Clara... que há muito o havia deixado, e por quem ainda nutria grande afeição... a real e única dona de toda as suas lágrimas, toda sua dor e toda a sua aflição.

Segue Juarez sua sina... carregando sua cruz... sem se importar com o eco que vem do corredor...

Alheio aos comentários maliciosos que ele sabe serem tecidos nos corredores do Borba, Juarez... abre sua caixa de recortes e fere-se mortalmente com lembranças do passado, de uma passado que ele julgava adormecido, quase extinto.

Olhando aqueles recortes insípidos, Juarez, pensa mais uma vez em sua amada imortal, Clara. Como se ele já não fizesse isso todos os dias do seu sorumbático viver.

Na vitrola agora está tocando um velho disco empoeirado do Cauby... ele interroga-se: "porquê”?

Inconsolado e sem a resposta para a pergunta de sua vida, larga-se exausto no divã de sua sala, entre os recortes de Clara, os recortes de sua vida...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

another day in paradise (a saga continua...)




Os dias no ap. 801 passam lentos, à conta gotas...
Juarez, agora trancado lá dentro, continua a sofrer, tal qual um moribundo, um miserável...
Um ser que foi abandonado pelo amor, pela sorte, pelos amigos... cercou-se de fotos antigas de seu amor, fez com elas um relicário. Passa os dias venerando esse artefato, ouvindo músicas tristes e olhando pro teto, esperando que um dia ele caia sobre sua cabeça.
E Juarez indiferente às lamurias vindas dos andares inferiores, segue sua "vida"... satisfeito por a portar permanecer trancada...
Juarez tenta morbidamente sair e ver o sol na manhã que se inicia, mas como o mesmo já é notívago e noturno há décadas, ele nem consegue expor sua alva pele aos raios de sol matinais... elas "queimam" suas retinas fatigadas...
torna ao seu "lar"... à sua cama, à seu quarto... suas coisas...
ergue-se com dificuldade, enche seu copo com mais uma dose de "black & white"... seu velho amigo e companheiro... liga o player e ouve Maysa...
senta e chora, mais uma vez vencido por sua dor, por seu amor...

domingo, 3 de agosto de 2008

Ap. 801 - cobertura




Numa manhã cinza de domingo, Juarez olha cabisbaixo o céu triste e enfadonho que cobre o condomínio Borba Gato.

Assim como o dia é sua vida, Juarez ouve no seu player uma canção melancólica do U2... Uma canção que falava das mãos que construíram a América e pensa nas mãos que destruíram seu coração. Uma dor leve, mas incisiva; fina, mas constante... Uma dor que parece que não vai acabar nunca... quiçá cessar.

Juarez dirige-se ao parapeito de sua cobertura, pensa em pular pra de vez dar fim àquele sentimento que o faz tanto mal. Mas, infelizmente, ele é covarde demais. Desiste de pular. Ato contínuo volta pra cama, vazia, fria e úmida, e pensa consigo mesmo:
- putz, é apenas mais um dia...

Quando Juarez dá por si e vê o seu vizinho mexendo no seu player, tirando suas músicas melancólicas e substituindo-as por músicas "alegres"... num acesso de fúria... dá uma "bica" no vizinho, coloca-o de porta à fora, tranca-se em seu "castelo" e joga a chave pela janela...

Mais uma vez só consigo mesmo... Repõe dessa vez no deck, Roberto Carlos e as baleias...



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

I back


"atento asdiversidades e em busca de um mundo melhor...
é preciso provar das loucuras, ativar novas possibilidades...
de volta ao planeta dos macacos!"

é isso ae macacada, estamos de volta às atividades, dessa vez, em carater definitivo.
e vcs visitantes, aliens simpáticos, façam contato, deixem seu recado como prova de vida inteligente alienígena.

força sempre!