terça-feira, 12 de agosto de 2008

conhaque




Mais uma vez Juarez ouve a maledicência que sobe dos antros do Borba...
Mais uma vez Juarez fica indiferente a elas...
Abre um bom e velho conhaque 12 anos...
Sente o bouquet... Acende uma vela... A chama ilumina um porta retratos... Sorve vagarosamente o líquido... Respira fundo e apaga a vela... Sonha... Sonha com sua amada imortal...
O que os moradores do Borba não sabem é que o Borba pertence a Juarez, e o mesmo é herdeiro de ações na bolsa de valores, imóveis, iates e latifúndios.
Menino de berço de ouro, vasta literatura, estudos em Oxford, Cambridge... Sempre teve dificuldade com os amigos, os quais rotulava, de forma sarcástica de "tabacudos", uma vez que discutir algum assunto filosófico com eles era difícil devido ao nível de instrução adquirido por Juarez...
Quando Juarez pensava que o mundo se resumia a noitadas fúteis, mulheres idem, ele conhece a única possível... Aquela que mudou sua direção, seu norte, sua vida para todo sempre.
Clara, violonista, tocava numa das várias recepções e inaugurações às quais Juarez já nem contava, de tantas que foi... Linda, de pele alva, cabelos pretos, olhar profundo, espelho d'alma...
Algo mágico aconteceu a Juarez quando ele cruzou o olhar de Clara.
Viveram juntos pouco tempo, mas tempo suficiente pra mesma ficar marcada a ferro e fogo em seu ser, em seu coração, em sua alma...
Juarez se desfez do seu patrimônio tentando "comprar" o coração de clara, mas uma coisa ele não sabia, talvez nunca soubesse, quiçá saberá... a alma e o coração de certas mulheres não está a venda, não é um free-shop... Você pode reter por instantes, mas eles são absolutamente livres... Pássaros sem pouso... Errantes... Clara era uma dessas, uma ave migratória que voa de galho em galho enquanto efetua sua migração.
De toda fortuna de Juarez, restou o mísero Borba Gato, hoje administrado por D. Sebastiana, pois Juarez há anos não sai do seu apartamento 801.

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